“A coisa mais moderna
que existe nessa vida é envelhecer.
A barba vai descendo e
os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer.
Os filhos vão crescendo
e o tempo vai dizendo que agora é pra valer.
Os outros vão morrendo
e a gente aprendendo a esquecer.”
“Não quero morrer pois
quero ver
Como será que deve ser
envelhecer.
Eu quero é viver pra
ver qual é
E dizer venha pro que
vai acontecer.”
(Arnaldo Antunes)
As palavras para definir o que
quero dizer são muitas: pra frente, descolada, moderna, jovem, mente aberta, “o
cara” como se diz hoje em dia, “prafrentex” como dizíamos a algumas longas
folhinhas. Agora vamos tentar fechar os olhos e imaginar uma pessoa assim.
Imaginamos todos, ou a maioria, uma figura com idade cronológica de poucas dezenas.
Aí é onde mora o grande erro
nestas definições. Estes adjetivos não se estereotipam, não são atributos
restritos aos de pouco anos de vida. Ao contrário, em diversos casos. Isso é
próprio do espírito e não da carne. Vem da mente ativa, ávida, não do rostinho
inerte sobre o juízo vazio.
Sim, essa é pra você minha
querida professora Margarida. Passada a fase em que isso poderia soar como
bajulação -sei que você jamais pensaria isso - venho aqui dizer da minha louca
admiração por você. Não só como mestra em sala de aula, mas como exemplo de
vida, de vivacidade.
Nunca fui lá muito bom com as
regras, mas aprendi com você – tô aqui insistindo no você, em lugar do senhora,
de cabido mesmo – a maior lição de todas as aprendidas na academia. “E preciso
conhecer profundamente as regras para poder quebra-las”.Bingo!
Como vemos caretas fantasiados
de descolados, vomitando uma rebeldia contra um regramento que desconhecem
quase que por completo. Como é vazio. Despropositado, sem conteúdo.
Mas voltando a Margarida. Que
mulher elegante. Uma elegância intelectual sem ser pedante, uma elegância no
tratar sem ser pragmática, uma elegância no vestir sem ser modista, uma
elegância no ensinar sem ser piegas.
Abstraindo todos as suas
titulações acadêmicas, que não são poucas,
você merece a maior de todas: a de ser chamada de Professora. Não daquelas de
quadro e giz, mas daquelas de suor e lágrima, professora de vida, de
conhecimento não só acadêmico, mas humano, daquelas que se orgulham, em cada
fim de aula, da mágica que é ter aprendido ao ensinar, professora de sonhos,
semeadora de realizações.
“Se todos fossem iguais a você,
que maravilha viver!” canta em versos o poeta Jobim. E se assim fosse, que
maravilha seria a nossa educação, que maravilha seria o futuro da nossa juventude,
que maravilha seria viver neste país Margarido.
Agradeço a Deus por ter tido a
oportunidade de aprender com você, e quem sabe tenha Ele me dado a honra de
deixar em você algum sinal da minha passagem pela sua vida acadêmica. E por fim
que Ele lhe dê forças para continuar exalando essa juventude, essa modernidade,
essa rebeldia abalizada, essa elegância de viver por onde você passa.
Um grande beijo no coração e outro na
testa pra ver se por osmose ganho algum conhecimento.
“Tempo Rei! Oh! Tempo
rei,
Transformai as velhas
formas do viver.
Me ensinai, oh! Pai, o
que eu ainda não sei.
Mãe Senhora do
Perpétuo, socorrei!
(Gilbero
Gil)