sexta-feira, 3 de maio de 2013

Na rede


Definitivamente não estamos sós. Tudo o que fazemos ou sentimos, está na rede, sendo compartilhado aos gigahertz mundo afora. Do seu melhor amigo ao maior desconhecido, todos no mesmo mundo virtual onde as barreiras de tempo e distância nunca foram tão relativas. Einstein ficaria de queixo e língua caídos com essa relatividade internética.
Nada mais acontece sem que teclemos alguma coisa e ... pimba, a informação já tá na rede, tá no mundo, é do mundo. Da cagada que o recém-nascido deu ao prato do jantar no restaurante chique; da pose no show do grande ídolo ao flagrante da vítima do acidente de moto; do furo importante a maior bobagem, tudo vira alimento pra net.
As redes sociais nem se fala. Ninguém vive mais sem elas. E têm vida curta as danadas. O que anteontem era MSN, ontem virou Orkut, hoje é Facebook, instagram, twitter, whatsApp e amanhã tudo será jurássico e fora de moda, novas redes surgirão. Se você ainda não faz parte de nenhuma, o que eu acho improvável, pergunte qual a da vez e comece a se conectar com o novo mundo. Vantagem principal: nenhum dos seus amigos tem defeito, todos amam todo mundo, e a você. Todos são caridosos e estão interessados em salvar o planeta, incluindo as tautaras da Nova Zelândia quase em extinção.
É um mundo novo,feito de pessoas novas, perfeitas. Virtuais, mas perfeitas. Bom só precisar delas virtualmente, principalmente se for problema de dinheiro, na real, sem real.
Um dia desses aconteceu comigo o seguinte: Oi! Tudo bom? Eu sou sua amiga do face, como estão as coisas? Tudo seria normal se, antes de ser minha amiga do facebook ela não tivesse estudado comigo no final da década de setenta. A experiência virtual na velocidade dos zilhões apaga tudo.
Outro dia aconteceu um fato preocupante. Vou à casa de um amigo assistir um jogo na televisão. Karlinha que gosta de futebol, mas só quando o time dela tá jogando, falou que iria levar o notebook para ficar fuçando a internet. Eu lógico levei meu tablet, por precaução, quem sabe precisaria de alguma coisa. Chegando lá, Fábio e Ana, cada um com seu Ipad, nos recebeu.
Beijinhos de cumprimento, sentamos e.... Silêncio total. Cada um pegou o seu brinquedinho e foi navegar. Alguns comentários esparsos sobre a maravilha que estávamos vendo, até que meu amigo, espantado nos alertou: Minha gente, estamos aqui nós quatro, há dias que não nos encontrávamos e ao invés de conversar preferimos o mundo virtual. Pelo amor de Deus vamos desligar esses troços!
Você já viu alguém marcando um encontro agora? De tal hora eu entro. Nos encontramos na face mais tarde. Qualquer coisa mando um whatsApp pra você. E não adianta reclamar: Mas amor, eu estou ao seu lado da cama, pode falar pessoalmente comigo!
O mais impressionante ouvi na faculdade. Duas meninas falando sobre uma terceira que andava sumida.
___ Tem falado com Gilda?
___ Raramente, ela anda meio deprimida.
___ É mesmo? Faz tempo que não vejo ela no face, coitadinha
___ É menina, ta isolada do mundo. Não quer mais papo com ninguém.
___ Como você sabe? Falou com ela recentemente?
___ Que nada. Ando pastorando ela na internet. Entro no face nada, no instagram muito menos, no whatsApp nem pensar. Prefere se esconder. Encontrei por acaso ela no orkut. Com certeza estava sem querer falar com ninguém.
___ É amiga, tá ruim mesmo. Hoje em dia só vai pro orkut quem não quer papo com ninguém. Tô preocupada. Acho que é caso até de tentar falar pessoalmente com ela.
___ É mesmo, medida extrema, mas necessária.